Sistema cardiovascular e Pressão arterial

Sistema cardiovascular


O coração impulsiona o sangue para os pulmões (circulação pulmonar) e para os tecidos (circulação sistêmica). O fluxo sanguíneo unidirecional através do coração é possibilitado devido à organização e distribuição das válvulas cardíacas.
Todavia, a atividade do músculo cardíaco ocorre devido a uma série de eventos que iniciam no metabolismo das células do nó sinoatrial (NSA). O NSA tem cerca de 8 mm de comprimento e 2 mm de espessura e está localizado próximo da junção entre o átrio direito e a veia cava superior. Ele trabalha como marcapasso do coração por possuir características de autodespolarização. É constituído por dois tipos celulares: 1) células esféricas com poucas organelas e miofibras, que provavelmente são as células do marcapasso; 2) células delgadas e alongadas que devem conduzir o impulso de dentro do nó para a sua extremidade. O estímulo elétrico gerado no NSA segue em direção ao átrio direito e esquerdo através de tratos que tangenciam a superfície atrial e a onda de excitação alcança os ventrículos pelo nó  atrioventricular (NAV).



O NAV possui aproximadamente 15 mm de comprimento, 10 mm de largura e  3 mm de espessura, e está localizado no lado direito do septo interatrial, próximo do seio coronário.  As células que o constituem são as mesmas do NSA, diferem apenas na quantidade de células alongadas. O NAV possui três regiões funcionais distintas que são: a zona de transição entre o átrio e o restante do nó, a região mediana do nó e a zona onde as fibras do nó se fundem gradualmente com o feixe atrioventricular (de His). O feixe é o sistema especializado que conduz o impulso elétrico para todo o ventrículo. Assim, o NAV e o feixe atrioventricular são as vias que conduzem o impulso do átrio para o ventrículo.
No entanto, há um retardo na condução do estímulo elétrico pelo NAV devido ao período refratário mais longo das suas fibras, principalmente na região mediana do nó. Este retardo entre a excitação atrial e ventricular permite o adequado enchimento do ventrículo durante a contração do átrio.
Os impulsos elétricos seguem do NAV na direção aos ventrículos, por meio dos feixes de His. O feixe atrioventricular se bifurca em ramos direito e esquerdo, subdividindo-se em uma complexa rede de fibras condutoras que se espalham pela superfície dos dois ventrículos, denominadas de fibras de Purkinje.



As fibras de Purkinje são as maiores células do coração (70 a 80 µm de diâmetro) o que permite acentuada velocidade na condução do estímulo elétrico, possibilitando a rápida ativação de toda a superfície do ventrículo. Assim, todas as fibras ventriculares serão despolarizadas gerando a sístole ventricular, com sua conseqüente ejeção ou débito cardíaco.
À medida que o impulso cardíaco é gerado, as correntes elétricas se propagam para os tecidos circunvizinhos e uma pequena proporção da corrente chega a atingir a superfície do corpo. É por isso que, ao colocar eletrodos sobre a pele, é possível detectar os potenciais elétricos do coração, representados pelos períodos de despolarização e repolarização do miocárdio (eletrocardiograma).
O eletrocardiograma é caracterizado por uma onda P, complexo de ondas QRS e uma onda T. As ondas P são geradas pelos potenciais elétricos produzidos durante a despolarização do átrio, antecedendo à sua contração. O complexo QRS representa os potenciais elétricos gerados durante a despolarização do ventrículo, período que antecede a sua contração. A deflexão representa as despolarizações ventriculares, relacionadas à despolarização do ventrículo esquerdo. O potencial elétrico produzido durante a repolarização do ventrículo é denominado de ondas T.
Para o funcionamento do coração deve haver sincronia entre o átrio e o ventrículo. A despolarização atrial deve progredir por todo o segmento para que a contração muscular possa ocorrer. Desse modo, a onda P ocorre antes do início da contração atrial, enquanto a onda QRS ocorre pouco antes do começo da contração ventricular.
Os ventrículos ficam contraídos por alguns milessegundos depois da repolarização, até o término da onda T. A onda de repolarização no átrio ocorre durante a despolarização do ventrículo, por isso que ela não é observada no eletrocardiograma.
Assim, o NSA inicia o impulso que induz a contração cardíaca e se propaga por todo o átrio, alcançando o NAV. Após um atraso no NAV, o impulso é conduzido para todo o tecido ventricular através do sistema de condução cardíaco. A despolarização do ventrículo gera a contração do miocárdio, que culmina com a ejeção do sangue.

Pressão Arterial



Existe uma variedade de mecanismos que regulam a PA sanguínea dos vertebrados. A pressão sistêmica em muitos animais é determinada por fatores como a magnitude da pressão ventricular, o débito cardíaco, o volume sanguíneo e a complacência e resistência vascular da circulação periférica. A regulação rápida da PA pode ocorrer de segundos a minutos (regulação em curto prazo) em resposta à estimulação dos barroreceptores, quimiorreceptores e receptores de estiramento. Todavia, os rins são importantes reguladores em longo prazo da PA (minutos a horas). Somado a esta, a PA também pode ser regulada pelo controle miogênio dos vasos.
A regulação em curto prazo da PA é realizada pelo sistema nervoso central, que controla a distribuição do fluxo sanguíneo para as diferentes partes do corpo através do aumento da atividade de bombeamento do coração ou pela modulação do diâmetro das artérias. Assim, os estímulos gerados pelo sistema nervoso simpático aumentam a resistência dos grandes vasos modulando seu fluxo sanguíneo. A inervação dos grandes vasos torna possível que a estimulação simpática modifique o volume do sistema circulatório periférico, podendo deslocar o sangue para o coração, desempenhando importante papel na regulação da função cardíaca.
Os nervos simpáticos contêm inúmeras fibras vasoconstritoras que chegam a quase todos os segmentos da circulação. Sua atuação é potente nos rins, intestino, baço e pele, atuando com menor intensidade sobre o músculo esquelético e cérebro. A área no sistema nervoso que controla o sistema vasomotor refere-se às regiões do bulbo e ponte.
A medula suprarrenal tem papel importante no controle da PA. Os impulsos nervosos transmitidos para os vasos sanguíneos também são transmitidos para a medula induzindo a secreção de epinefrina e norepinefrina para a circulação, gerando a dilatação dos vasos.
Desse modo, o sistema nervoso controla rapidamente a pressão arterial por meio da contração das arteríolas, aumentando a resistência periférica total; contração das veias e grandes vasos, deslocando o sangue da circulação periférica para o coração e aumentando o fluxo de sangue nas câmaras cardíacas; além de estimular o sistema nervoso autônomo a aumentar o trabalho cardíaco. Os receptores que respondem pelo controle da PA são os barroreceptores, quimiorreceptores e receptores de estiramento de baixa pressão.
Os barroreceptores são receptores de estiramento localizado nas paredes das grandes artérias. A elevação da PA provoca a distensão dos vasos que conduz sinais para a área vasomotora do sistema nervoso. Estes receptores estão localizados na parede interna das artérias carótidas e arco aórtico. Os barroreceptores do seio carotídeo são sensibilizados à pressão acima de 60 mmHg até 180 mmHg e os aórticos a 30 mmHg.
 A excitação dos barroreceptores com o aumento da pressão nas artérias causa redução da PA pela diminuição da resistência periférica e do débito cardíaco. Inversamente, a pressão baixa exerce os efeitos inversos, causando a elevação da pressão. A importância da regulação dos barroreceptores está na regulação da pressão de uma pessoa que fica deitada por algum tempo e levanta rapidamente, esta atividade reduz bruscamente o fluxo sanguíneo na cabeça e parte superior do corpo, o que é regulado. O objetivo do sistema barroreceptor arterial é reduzir a variação diária da PA.




Os quimiorreceptores são sensíveis à falta de oxigênio, excesso de gás carbônico e íons hidrogênio. Estão localizados na bifurcação da artéria carótida comum e vários corpos aórticos adjacentes à aorta. Os quimiorreceptores são estimulados quando a PA está abaixo de 80 mmHg, sendo bons reguladores quando somados aos estímulos dos barroreceptores.
Os receptores de estiramento de baixa pressão são observados na parede dos átrios e nas artérias pulmonares onde detectam aumento simultâneo da pressão nas áreas de baixa pressão da circulação.
A regulação em longo prazo da PA é realizada pelos rins. Quando o corpo contém excesso de líquidos extracelulares a PA se eleva. A PA aumentada exerce efeito direto sobre os rins, fazendo-os excretarem o excesso dos líquidos para restabelecer a PA. O menor aumento da PA pode duplicar a excreção de água (diurese de pressão) e sal (natriurese de pressão). Todavia, a ingestão de sal interfere mais na PA que a ingestão de água.
O sal aumenta a osmolaridade dos líquidos corporais e a dificuldade na sua excreção induz o aumento do volume de líquidos extracelulares. Nesta situação, o centro da sede estimula a ingestão da água. No entanto, o aumento da osmolaridade dos líquidos corporais estimula o hipotálamo-hipófise a secretar hormônio antidiurético, aumentando a retenção de água no corpo.
A renina, por sua vez, ativa o sistema renina-angiotensina-aldosterona participando na regulação da PA e balanço do sódio e potássio. O sistema renina-angiotensina atua no controle da PA aumentando a vasoconstrição das arteríolas e veias e na retenção de água e sal do organismo. A renina é uma enzima sintetizada e armazenada nas células justaglomerulares dos rins na sua forma inativa (pró-renina). Ela não é uma substância vasoativa, é liberada na circulação quando a PA diminui e atua convertendo o angiotensinogênio (globulina plasmática) em angiotensina I. A anigotensina I possui ação vasoativa discreta, não gerando alterações funcionais significativas na circulação. Por outro lado, a angiotensina I é catalisada no endotélio dos vasos pulmonares em angiotensina II, o qual possui potente atividade vasoconstritora, com vida ativa muito curta (1 a 2 minutos).

A angiotensina II também aumenta a retenção de água e sal nos rins, estimulando a secreção de aldosterona pelas células da zona glomerulosa da glândula ad-renal.

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